25 de julho de 2009

"... L'une des choses que j'ai apprises, c'est que si vous devez vivre."
"Que minha solidão me sirva de companhia.que eu tenha a coragem de me enfrentar." Clarice Lispector.




O Resultado.

Já se passava das 10horas quando iria sair o resultado. Lembro-me de que quase não havia dormido na noite anterior, tensa, preocupada, completamente sem sono. Pergunto-me se valeu apena todo meu esforço?! Na realidade eu não sabia dizer.Durante a espera do resultado sentia intensamente uma angustia. Estava sozinha. Não sabia como me comporta durante aquela situação. Eu sentia medo... Mas precisava continuar ali. Minha mãe era a única que ainda estava disposta a me ouvir e entender caso nada desse certo. Os outros? Talvez nem se importassem mais.

Quando estava a caminho de receber o exame começou a chover muito, achei estranho, pois quase nunca chove assim de manhã, mas não me importei e continuei observando o ônibus com as janelas todas fechadas e sete ou nove passageiros e inúmeras cadeiras vazias. Estava bastante quente, eu podia sentir perfeitamente o suor descendo pelo meu rosto, mas por dentro, imensos calafrios que me deixava intacta ao ponto de congelar-me toda.

Quando desci do ônibus andei por uma boa parte da Magalhães Barata e ainda chovia. Ao chegar ao tal lugar fiquei aguardando alguns segundos até me chamarem... Eu levantei e segui em frente, parei e percebi meus olhos cheios de lagrimas estiquei minhas mãos e segurei firme por alguns instantes o pequeno pedaço de papel que mudaria ou não o destino da minha vida.

Então abrir... “Síndrome da Imunodeficência adquirida”. – Sim, eu estava infectada com o vírus HIV, me sentindo imunda, inútil, fraca, derrotada. E diante disto eu apenas chorava. Mas entre um suspiro e outro ouvir meu celular tocar e era a minha mãe me despertando do meu pesadelo e dizendo... “Minha filha você acabou de passar no vestibular.”




(Aula de Redação.)






Quantas pessoas esperam esse tal resultado? E quantas esperam ter seu destino bruscamente mudado? Sei bem que comigo não foi diferente do que eu imaginava. Eu só precisava ouvir meu nome. Confesso que não foi à melhor noticia que já recebi mesmo assim eu chorei por alguns minutos por me sentir capaz e aliviada de uma pressão que já durava mais de 12 anos e que grande parte das pessoas vão passar por esse mesmo teste inútil e ridículo.

Juro que não sei por que eu estou escrevendo sobre isso, mas “Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.” Enfim, Certa vez conversando com uma amiga me questionei se tinha feito a escolha certa já que ela não sabia como dar o próximo passo se não sabe qual o destino quer tomar, (saber se de fato esta no curso certo). Sinto certo receio dos meus amigos terem essa mesma duvida. Queria que eles estivessem no que de fato gostam e seguissem em frente e se tornarem bons professores, doutores, engenheiros e Artistas. É tão complicado aceitar que a vida é seja feita de escolhas e é mais frustrante voltar por saber que o que você pensava ser o certo era o errado. Mas pense. Você ainda pode voltar e mudar tudo outra vez.

Passei a vida toda dizendo algo e no ultimo dia disse “Arte” por amor a arte e a mim mesma. Então me dei esse grito de aleluia. Engraçado que nunca me imaginei dentro de uma universidade engajada nos projetos e me destacando já que até meu ultimo ano na escola eu era destacada por ter o pior comportamento, seria meio contraditório a ovelha colorida alegrar toda uma pequena grande multidão ao seu redor. Mas é assim que me sinto hoje, logo eu que estava acostumada a fazer as coisas erradas me sinto tão satisfeita comigo ao falar em profissão.

Vamos voltar ao um tempo em que nada nos dividia.
Em minha antiga escola todos já sabiam que eu já não era qualquer estudante e sim uma universitária. Não que a minha Cidade seja pequena, mas sim minha popularidade. Pequeno detalhe eu não me acho eu simplesmente não gosto de fala modéstia. E eu ri quando uma professora disse:

- “Nossa, de onde a gente menos espera não é?!”

Olhei fixamente por alguns segundos para ela, com uma cara sem entender, mas eu continuei rindo. Na realidade eu gostei de ouvir aquilo, mesmo assim me perguntei por que ela disse isso?! Mas sei que tinha surpreendido ela naquele momento. Já que eu falava como outra pessoa. “Eu já não era a mesma pessoa, eu era uma pessoa grávida de futuro.”

Mas não foi a primeira vez que havia a surpreendido já que eu enquanto aluna entreguei a ela uma carta e pedir para que lesse no final da aula para os demais alunos e ao ler a carta a mesma começara a chorar, fiquei com essa cena na minha cabeça por vários dias e pensei eu acho que ela também já teve um passado escuro, mas peço, não espalhe, não espalhe! Apesar de tudo sempre gostei de ver tudo de outro modo e sempre pensei diferente da maioria e por ter a mente aberta demais assustei e ganhei amigos.

Na verdade eu gosto mais dos que acreditam em mim, e durante muito tempo uma professora acreditou em tudo que eu falava embora tudo fosse estranho, mas ela sempre esteve ali, hoje em dia ela ta cansada da sua rotina de ser. E eu? Eu estou com ela, por ela ser a mãe que eu sempre quis. A melhor professora, que acima de tudo soube ser amiga e soube dividir as coisas e me aceitou do jeito que eu sou.

O intuito de escrever isso creio eu que seja por querer lembrar vocês que mesmo não estando no caminho certo “Perde-se também é um caminho.” E mesmo tu não sendo a melhor pessoa do mundo tu podes conquistar algo que nunca imaginou ter ou viver por pensar em não merecer tal coisa. Enfim. É isto.

19 de julho de 2009


"Quem não é um acaso na vida?" Clarice Lispector.



Quantas pessoas por dia cruzam teu caminho? Certas perguntas você jamais terá as respostas. Como, por exemplo, “quantas pessoas tão tendo um orgasmo nesse momento?” Enfim, isto não vem ao caso. Mas e se um desses desconhecidos tivesse o poder de mudar tua vida? Seja por um golpe fatal de paixão ou por um laço inevitável de amizade. Como você iria descobrir isso?

Sempre me questionei muito, sobre quando alguém dizia: “... Não fale com estranhos!” Como se os estranhos se tornam amigos, chegados ou conhecidos? Tudo é muito estranho e contraditório. Todos querem que você não vá para o lado das pessoas ruins, mas quem garante que nós somos as boas?
Vou começar dizendo como conheci algumas mulheres.
Vou começar de novo.
Vou começar dizendo como conheci algumas amigas, assim não fica ambíguo.



Em minha vida a maioria das coisas não era para acontecer olhando do meu ponto de vista. Tentando experimentar a opinião dos outros expondo quem eu não gostava com medo de arriscar a mim mesma, mostrando para todos o que tal pessoa nem era e nunca foi. Foi um erro, que durante uns três ou quatro anos não soube analisar e ver quais os motivos de eu te feito isto. (No fundo acho que sou mal. Bem mal.) Por não conhecer de fato a mesma eu me fechei me achando ser melhor que ela apenas por ela não saber apenas se expressar, mas foi ai que ao logo das datas eu a conheci de verdade e percebi que nem tudo que parece é o que é! Desde ai começamos a olhar nos olhos e falar apenas verdades uma a hora em um ato simultâneo de analises e criticas. Até hoje.

Outra não falava comigo, e eu sempre falei demais, ela sempre calada acuada na dela. Isso me incomodava e eu ia importuná-la sempre, qual importância ela teria em minha vida se ela não falava? Se ela não me fazia rir? Foi depois de uns cinco anos estudando juntas que ao trocarmos de colégio eu comecei a notar que a “mudinha” que falava não tava ali, mas toda vez que eu havia eu amava sentir o que sentia. Foi ai que eu calei a boca e parei para tentar ouvir. E sempre que nós encontramos calo a boca e ela conversa se não, solto uns palavrões e tudo se resolve.

Uma era alta, espaçosa, estranha, não queria isso na minha vida. Até que ela começou a me pagar para bater em uma magricela que sentava próximo a porta, não era propina era salário, sinal de que uma criança absciosa teria futuro, será? Depois disso a achei legal, começamos a ndar juntas e hoje em dia? Ela continua alta, espaçosa não mais estranha e agora resumindo ela bate em mim e adquiriu um sotaque que não existiu na infância.

Existia uma nipônica na minha sala eu geralmente falava com ela nos dias de prova ela era inteligente e eu era esperta, ai a cola acontecia naturalmente, pois eu a fazia rir. Ela tinha duas amigas uma com cara de cavalo, alta e fedia, não, não era um camelo era a... ah enfim, a outra tinha os cabelos arrepiados, dente saliente mas n fedia e era do meu tamanho e ainda usava óculos, então no ultimo ano em que a nipônica saiu junto com a que parecia um camelo e ela ficou sozinha, ai foi sentar com o meu grupo, na realidade eu era nômade. E até hoje ela usa óculos, mas usa aparelho também, ela usa aparelho? Não lembro. Esta maior que eu e ta tão inteligente que ta virando professora.


A única que foi a exceção porque desde a primeira vez que a vi sentir algo diferente foi a mais bonita da escola, acho que foi por isso que me apaixonei por ela. Era diferente eu amava levá-la em casa, levar seus cadernos no braço e ir conversando em um dialogo que apenas nos duas entendíamos. Falar disso é tão estranho agora, porque o amor que sinto diferenciou-se. Ela sempre soube do que sentir e mesmo assim ficou do meu lado mesmo quando inúmeros fatores nos colocaram uma contra a outra. Somos melhores amigas ela ainda continua linda e agora dá palpite na alimentação da mãe dela.

-Meu forte nunca foram os homens.



Odiava homem, até encontrar um que se parecia comigo e me fazia rir... Ele me ajudava a enlouquecer as meninas, não era por nosso charme nem nossa inteligência e sim com a nossa alegria contagiante! Não éramos bonitos, nem nada, mas no papo era tão pior que para evitar não ouvir coisa pior da nossa boca as meninas paravam para ouvir. Hoje em dia continuamos bons de papos e donos de uma inenarrável beleza interior, mas não nos parecemos, tratamos diferentemente as mulheres.

Já o meu segundo homem, era tão baixo que bater nele era cativante. Batia nele sem motivo, as meninas gostavam dele por ele ser baixinho e fofinho, já nós gostávamos dele porque ele era o melhor goleiro da escola! Nos dias de hoje ele não joga bola e ainda não descobriu porque apanhava de mim.



Assim nasceram meus amigos, cruzando meu caminho. Meros estranhos que me mudaram de rumo. E que hoje em dia o sentimento vem crescendo cada dia mais unindo e fortalecendo o sentimento de amor que eu sinto por cada um deles. Obrigado por receberem um pouco de mim em vocês.

"Não tenho tempo mais para nada, ser feliz me consome muito." Clarice Lispector.

18 de julho de 2009

http://www.youtube.com/watch?v=QeyYFaTCOlk

(ouça)

l'amour pour les causes perdues

"Eu que sinto antes de sentir." Clarice Lispector.

Tocar um corpo era tão comum. Mas hoje minha involuntária abstinência de toque me faz não poder respirar, me faz não poder me sentir. É Como não poder arranhar a mim mesma. Juro preciso de um toque de amor, um toque que ao deslizar das mãos sob o corpo faz o coração bater mais de pressa em um ritmo frenético. Transformando esse instante quase que mudo vencido por gemidos, observado por gotas de suor nos lençóis em um momento profundo.

Tenho medo de mim, medo de me encarar, medo de olhar nos olhos e ver que eu mudei ao ponto de tocar outro alguém apenas para obter prazer. Fácil era tê-la, pois ela até então sentia na alma o que eu era capaz de dar, acima de tudo além do amor.

Quantas pessoas tocam outras pessoas em um ato tão imoral tão escandalizador banalizando o que eu mais queria agora? Não os condeno, mas queria tanto que cada um se amasse antes, para jamais ir para cama com pessoas do meu tipo, que ver a pessoa sentindo o que mais deseja enquanto eu apenas observo, penso eu, “Ei, eu não to sentindo nada, não adianta fazer cara de puta, eu não vou sentir nada. Nada”. Percebes o quanto eu me privo de mim mesma e separo tanto esses fatos de mim? Sou incapaz de sentir prazer de fato se não houver um toque que não seja amor.

Hedonismo vem do grego hedoné, que significa prazer. Doutrina que considera que o prazer individual e imediato é o único bem possível, princípio e fim da vida moral. A teoria socrática do bom e do útil, da prudência, etc, quando entendida pela índole voluptuosa de Aristipo, leva ao hedonismo, onde toda a bem-aventurança humana se resolve no prazer.

11 de julho de 2009

Um Sopro de Vida.


"Algumas histórias "começam" com uma vírgula e "terminam" com dois pontos."

Nunca pensei que fosse composta por de urgências. É com um gosto meio nostálgico que eu assumo uma derrota por pensar não saber lutar, quiçá, até hoje apesar do pouco tempo, de meu pouco tempo com vida não nego, meu coração permanece intacto e faço questão de deixá-lo assim, sei bem que só o amor pode curar. É tão complicado e silencioso desvendar nossos próprios segredos e enfrentar nossas próprias fraquezas.

Então o ciúme e os devaneios vão do cóccix ao último pó do osso. Quando ao ver você, nada da tua boca saiu e sem ao menos entender nada que ali passava, o frio que sentíamos antes ganhara vida outra vez, e o resto que eu chamo de contexto não soube entender nada também, como se a nossa sintonia fosse exata e nunca tocada por alguém, somente por nós entendida. Foi assustador, porque o cheiro suave ainda se encontrava nela, e era o mesmo que sentir na hora do abrir a porta e saber que ali não colocaria meus pés novamente.

Nunca pensei em querer sentir uma dor por uma descoberta, juro, queria que nosso amor fosse descoberto por quem nós mais temíamos, sim, porque eu lhe teria do mesmo jeito. Mas meus defeitos me venceram, e o que eu nunca vivi, ela queria que eu já soubesse. Mas não podia, era complicado, e eu jamais souber compreender, até que tocada por outro alguém eu entendi a tal cobrança e foi como um grito. “Era isto que ela queria!” Oh céus, seria tão fácil ainda tê-la pra mim, após de saber o que ela procurava de fato. Porém o medo ainda é maior, e o que deveria ser enfrentar, apenas vai adiando-se.

Novas pessoas entram e saem de nossas vidas e que são até capazes e podem nos sentir, nos ganhar, até mesmo nos amar de verdade e o que damos em troca é o respeito. Acho que o que nós permitimos dar ao outro, ao desconhecido. Porque para nós o nosso amor, ainda é uma da outra e agindo dia após dias em reciprocidade.